A ostra, para produzir a pérola na natureza, precisa de algum agente externo - geralmente um grão de areia – que a faça sofrer, inflamar, doer. Então, para livrar-se do sofrimento, a ostra produz camadas e camadas de uma substância chamada nácar. Essas camadas de nácar vão, aos poucos, encobrindo as arestas agudas do grão de areia ou de outro corpo estranho que machucam a ostra.
Passado algum tempo, (dependendo da ostra e do tamanho do agente causador da dor), essas camadas sobrepostas dão origem à pérola. Se não há dor e sofrimento, não há pérola.
Essas dores e esses grãos de areia incomodam. Mas não o suficiente para abalar nossas convicções. Muito menos para nos fazer abandonar nossos ideais. Porque a exemplo das ostras, de acordo com o tamanho e a quantidade de grãos de areia, vamos, pouco a pouco, ou de uma vez, produzindo o nácar que encobre essas arestas, fazendo com que as areias pontudas parem de nos machucar. Todas as dores e todos os grãos de areia, sempre valerão a pena.
E assim vão-se 30 anos de união. Bodas de pérola. Grãozinhos de areia que transformamos em pérolas. Dedicação, paciência, amor, carinho e principalmente a vontade de ter um ideal em comum mesmo que muitas vezes por caminhos diferentes.
Em alguns momentos somos tão perfeitos como o comercial de margarina mas em outros...ah, em outros parecemos o seriado tapas e beijos...e sabe o que eu faço com isso? Eu rio. É, eu rio de mim mesma e da situação. O Celso me olha e entende que não vale a pena ficar machucando um ao outro. Aí tudo passa.
São 30 anos de casamento, 4 de namoro/noivado e um ano só de amizade. Foi amor a primeira vista de verdade e seria hoje do mesmo jeito. Depois de tanto tempo meu olho ainda brilha e o coração dispara.
Que continuem os anos e todas as bodas que vierem e que se for preciso machucadinhos pra que aconteça a pérola, que aprendamos a resguardar e aguardar a abertura da ostra para que o resultado de tudo seja só e simplesmente o amor.